Por que ler ficção cria bons líderes

Esse texto me chamou a atenção enquanto eu passava pelo feed do twitter. A matéria é do jornal The Guardian e questiona sobre a leitura dos livros de ficção e o impacto que ela tem nas profissões e empregos. Como a leitura de livros de ficção podem impactar em nossos empregos?

David Beakhust teme que uma geração de políticos emergentes não tenha habilidades essenciais

Os comentários de Val Mc Dermid (os leitores de ficção foram os melhores líderes na crise da Covid-19 diz Val McDermid, 16 de agosto) me tocaram em um ponto sensível. Uma vez, décadas atrás, eu fui enviado para um curso de engenharia de software sobre uma base profissional. A maioria dos participantes, inclusive eu, ficou perplexa com o fato de o líder do curso passar metade do primeiro dia no que parecia ser uma crítica literária. Ele não estava interessado nos livros que líamos, mas estava particularmente interessado na ficção que líamos, na quantidade e na variedade de nossos gostos literários. Alguns de nós foram convidados a resumir em poucas palavras o enredo de uma obra de ficção favorita, ou o que pensamos dela.

Claro que houve perguntas nossas. Por que estamos fazendo isto? O que isso tem a ver com software ou engenharia?” A resposta foi revelada quando a manhã chegou ao fim. Nos disseram: “Para escrever um bom relatório ou liderar um grande projeto, um grande departamento ou mesmo uma empresa precisa da capacidade de expressar ideias em palavras de várias maneiras, para se adequar a um público, para compreender os pontos de vista dos outros e para evitar jargões. Ler ficção ajuda a desenvolver essa habilidade muito melhor do que qualquer outra forma. ”

Eu temo que uma geração de líderes emergentes recentemente não tenha essa habilidade essencial, e McDermid corretamente chama a atenção para isso. Eu temo que só vá piorar à medida que as novas gerações forem educadas no mingau da comunicação simplificada baseada na Internet.
David Beakhust
Salisbury, Wiltshire

Não é anormal ver nos comentários nas redes sociais pessoas dando opiniões sem conhecimento e, muitas vezes, só pelo o que está escrito no título ou pela imagem da publicação. Muitos nem se dão ao trabalho de clicar e ler a matéria. Lembro de uma época em que as pessoas começaram a reclamar de “textão”, porque “era muita coisa para ler”.

Eu mesma já cheguei a clicar em links em que a matéria não passava informações completas, parecia mais um resumo mal feito sobre o assunto. Mas são os jornalistas/escritores que estão diminuindo as informações, são as pessoas que estão com preguiça de ler ou elas realmente não se preocupam em se informarem?

Não é novidade a quantidade de pessoas negando fatos. E nem o que eu chamo de “leitura seletiva”: quando a pessoa não ler tudo o que está escrito ou apenas lê o que interessa para ela. Como leitora, eu sei que muitos de vocês se inspiram nos livros que lêem e nas histórias deles que podem conter críticas sociais. Principalmente nos últimos anos em que os movimentos sociais de luta pela equidade estão ganhando força nas ruas e nas redes sociais.

Muitos livros estão abordando esses temas ou o enredo se passa em uma época onde algum fato histórico aconteceu. Não é incomum nós lermos livros que se passam na época da segunda guerra mundial ou apresentam costumes de alguma época antiga, como a Era Medieval ou com costumes palacianos.

E geralmente, em entrevistas de emprego, o responsável por elas pode pedir para os candidatos fazerem um redação sobre algum tema da atualidade.

Infelizmente a nossa realidade é de pessoas que se orgulham de não ter um conhecimento ou procurar pesquisar mais sobre o assunto abordado nas discussões que ocorrem todos os dias. Quantas vezes já comparamos notícias do dia a dia a algum livro? As citações dos livros de George, como 1984 ou Margaret Atwood, com O Conto de Aia, estão bem frequentes por aqueles que leram ficção literária. Afinal, estamos vivendo em uma época que não é difícil relacionar com alguma distopia literária. Até mesmo Jogos Vorazes e Harry Potter podem ser comparados com as situações atuais.

Publicado por Carol Vescio

"Good girls are bad girls that haven't been caught". Wanderlust. Around the World. Futura turismóloga, seriadora, leitora, cinéfila, pseudo-blogueira, roqueira, boybandizeira, popzeira, musiqueira, futeboleira. Santista no coração e na alma. Aprendiz de escritora.

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