Leia um trecho de Love in English da autora Maria E. Andreu

A postagem de hoje é um trecho do livro “Love in English” da autora Maria E. Andreu que será lançado em 02 de fevereiro no exterior.

Sinopse

Ana, de 16 anos, acabou de se mudar para Nova Jersey, vinda da Argentina, para o seu primeiro ano do ensino médio. Ela é uma poeta e amante da linguagem — exceto que agora, ela mal consegue entender o que está acontecendo ao seu redor, muito menos encontrar as palavras para expressar como se sente na língua que ela esperava falar.

Tudo o que Ana quer fazer é ir para casa — até conhecer Harrison, um garoto muito americano muito bonito, em sua aula de matemática. E depois há seu novo amigo Neo, o menino grego com quem ela é parceira na aula de inglês, com quem ela se une por causa dos filmes adolescentes dos anos 80 que eles são designados para assistir para a aula (mas depois continuam assistindo juntos por diversão), e Altagracia, sua amiga artística e fabulosa do Instagram, que, felizmente é fluente em espanhol, e capaz de ajudá-la a se estabelecer no ensino médio americano.

Mas é possível que ela esteja se tornando muito americana — como o seu pai a acusa — e o que isso significa, quandoos seus sentimentos por Harrison e Neo começam a mudar? Ana passará o ano aprendendo que as regras do inglês podem ser confusas, mas não há regras quando se trata de amor.

Com viradas divertidas e poéticas explorando as idiossincrasias da língua inglesa, Love in English conta uma história que é simultaneamente charmosa e romântica, ao mesmo tempo em que articula uma história mais profunda sobre o que significa se tornar “americano”.

X + Y = Meu Pesadelo Real

A escola tem um cheiro diferente aqui. Lá em casa, era um cheiro doce, algo próximo ao leite açucarado que minha mãe me fazia quando eu estava doente. Aqui é como todo o resto: estranho. Como alvejante e borracha.

Neste terceiro ano do ensino médio, eu deveria ser a garota que carrega a bandeira nas procissões, aquela que se safa com um pouco mais do que eu poderia no ano passado, com professores que me conhecem desde que perdi meus primeiros dentes de bebê, na minha pequena escola, que foi do jardim de infância até o final do ensino médio. Agora tudo isso está apagado. Mas há esse outro sentimento de que os laços foram desamarados, regras gravadas sobre tábuas pedra que foram quebradas. Eu vim para a terra onde tudo é possível.

Matemática é a primeira aula do dia. A sala de aula: muitos cartazes, como uma caixa repleta de anúncios de revistas. Os alunos: lado a lado e rindo, mesmo que o professor esteja falando. A professora: inquieta, uma senhora negra negra impossível de entender.

Aqui está outra coisa: eu exagerei na minha roupa. Estou com uma saia preta apertada, meia-calça preta e uma jaqueta bolero vermelha. Em casa, eu praticamente estaria de uniforme com essa roupa. Mas aqui, as meninas estão com calças apertadas e moletons enormes, cabelos amarrados em xuxinhas em suas coroas, rostos limpos de maquiagem. Uma garota está realmente usando uma calça xadrez de um pijama. De repente, estou consciente do tempo extra que eu levei para enrolar e cortar fios do meu cabelo castanho em torno de si mesmo para que ele faça mais do que apenas pendurar no meio das minhas costas, não muito reto, não muito ondulado, como normalmente faz. Isso teria sido mais adequado para uma festa do que para a escola mesmo em casa, mas esta manhã de alguma forma parecia uma boa ideia, como começar com o pé direito.

Agora percebo que eu pareço a única garota que ouviu os pais e se vestiu para uma festa. Como se eu estivesse me esforçando demais.

Apesar que tem um cara bonito sentado à minha esquerda. Estou aliviada por simplesmente ter um pensamento normal: este é um menino bonito. Eu me deixo dar uma um olhas de soslaio para ele.

Ele está usando uma camiseta vinho com um desenho de linha de um capacete de mergulho antigo. O cabelo dele está penteado, raspando em seu pescoço como se já tivessa passado uma longa semana desde o seu último corte de cabelo. Ele é tudo o que eu imaginava que os meninos americanos fossem: bonito como os caras das séries da Netflix, com bochechas angulares e lábios largos e bonitos, sua pele perfeita, exceto por um punhado de pontos perto da sua testa e apenas o suficiente de uma sombra em seu maxilar para que soubesse que ele não se barbeou esta manhã, mas se barbeou. Ele parece relaxado, até mesmo entediado, se inclinando um pouco para trás, virando um lápis em voltar dos seus dedos longos e nodosos. Parece que o mundo é exatamente como ele espera que seja. Eu tenho nortado isso sobre os americanos na minha nova cidade. Muitos deles parecem ter vivido vidas sem más notícias, sem surpresas desagradáveis.

“Ana?”, diz a professora, virando o lado mais longo do seu cabelo para trás, olhando para uma lista.

Eu olho em volta. Poderia haver mais de uma?

“#### ########## ## #####,” ela diz.

Ela espera, olhando para mim. Ela está esperando alguma coisa.

Meu coração começa a bater. “#######”, ela tenta de novo. Para mim, ela pode estar dizendo qualquer coisa. Eu estudei quatro anos de inglês lá em casa. Eu assisti todos os tipos de filmes e programas de televisão americanos legendados. Isso foi uma das razões pelas quais não me preocupei sobre vir para cá: eu conhecia este lugar antes de chegar aqui. Ou era o que achava.

Ouvir inglês aqui, tão rápido, é impossível de entender. Ela acabou de escrever um problema no quadro. Ela quer que eu lhe dê a resposta? Eu olho para a equação. Eu sei fazer como resolver ela.

Eu ando até a frente da classe, pernas como toras de árvores. Eu posso sentir os olhos em mim, e ouvir alguns risinhos no fundo da sala. Ouvi uma garota dizer: “Repara isso”. Ela quer dizer eu. Eu sou o “isso”. Eu deveria ter algum conforto que pelo menos eu entendi aquele cochicho.

Estou fica em pé ao lado da professora, esperando que ela me dê o marcador. Seu cabelo mal tingido cobre metade do seu rosto. Ela olha para mim, confusa. Risadas estão estalando como pipoca em mais partes da classe, e então eu pego um marcador extra e rapidamente começo o problema.

Dois caras riem mais alto nos fundos, e um bate no peito do outro de forma desajeitada. Mesmo assim, a professora não diz nada.

Eu procuro em meu cérebro em pânico por palavras apropriadas, mas tudo que posso dizer é: “Eu faço . . . matemática?”

A sala inteira explode em risos. Uma ondulação passa por cima do rosto da professora, e a confusão é substituída por pena. Ela fica com pena de mim.

“Oh, querida, não”, ela diz. “###### ########## ####### #####.” Mais palavras que eu não entendo. Finalmente, ela pega um livro da sua mesa. Ela pergunta, lentamente e muito exagerando suas sílabas: “Você… tem… livro?”

Oh

Meu

Deus.

Ela me perguntou se eu tinha o livro, não para ir até a lousa e resolver um problema. Eu fecho a mão e esfrego o que escrevi no quadro com o lado dela.

Mais risadas. Minhas entranhas se transformam em gosma e chefam até meus joelhos. Por favor, me deixe derreter e rastejar para longe em uma versão líquida de mim mesma. De preferência uma invisível.

Ela diz algo para a classe que soa uma bronca, mas eu não consigo entendo através do barulho em meus ouvidos, um som igual a um rio. Eu pego o livro dela e volto para a minha mesa.

Respire fundo. Não chore. Chorar tornaria isso muito pior. Ainda assim, a vergonha vem em ondas e ameaça me puxar para baixo em soluços cheios.

Nãochorenãochore.

A professora fala, mas não eue consigo ouvi-la, só o barulho nos meus ouvidos. Então ela se senta. A mesa dela parece grande demais para ela. Ela escreveu um número de página no quadro, mais “1-7”. As pessoas estão rabiscando. Ela deve ter designado alguns problemas. Eu acidentalmente olho para garoto ao meu lado, aquele com a camiseta vinho do capacete de mergulhador. Ele sorri para mim.

Eu ainda quero que minha mesa seja sugada para outra dimensão comigo junto, então eu movo meus olhos para longe.

Eu coloco as minhas coisas na minha mochila. O livro é enorme e mal cabe. Eu enfio e fecho o zíper sobre ele. Eu ando até a mesa. As lágrimas estão quase caindo.

O professor olha para cima de novo.

“Banheiro?” Eu pergunto.

Felizmente, essa palavra é uma frase por si só.

Vocês pode fazer a pré venda do livro clicando no link abaixo. Está disponível as versões capa dura, brochura e e-book.

Publicado por Carol Vescio

"Good girls are bad girls that haven't been caught". Wanderlust. Around the World. Futura turismóloga, seriadora, leitora, cinéfila, pseudo-blogueira, roqueira, boybandizeira, popzeira, musiqueira, futeboleira. Santista no coração e na alma. Aprendiz de escritora.

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